Alvorada: antes do romper da aurora |
O Brasil é o país do futuro, com este otimismo que vem sendo desenvolvido e consolidado a mais de 50 anos. Em 1941 foi publicado o livro “Brasil, País do Futuro” por Stefan Zweig, escritor austríaco renomado e judeu exilado da época da Segunda Guerra Mundial. Nessa época, o Brasil ainda era uma nação essencialmente agrária, com pouquíssima experiência industrial, profundamente dependente de tecnologias estrangeiras, automóveis, máquinas-ferramenta, aeronaves, colheitadeiras, tínhamos um índice altíssimo de importação de produtos industrializados, principalmente produtos de vanguarda tecnológica.
Meio século se passou, houve ditadura militar, alguns
governos de direita outros de esquerda e chegamos a um país com uma economia
mais sólida. Agora possui maior importância no cenário internacional, com um
índice de produtos Made-in-Brazil
nunca antes atingido, principalmente no campo tecnológico. Atualmente
fabricamos plataformas de petróleo, automóveis, aeronaves, máquinas-ferramenta
e uma enorme variedade de bens industrializados. Temos plantas petroquímicas,
indústrias automobilísticas, aeronáuticas, bélicas, mas, no entanto, o país do
futuro, sonhado a mais de meio século pela geração anterior, era caracterizado
também por uma nação mais equilibrada, economicamente forte e estável, com
desenvolvimento sustentável e principalmente melhor distribuição de renda entre
a população. Condição que ainda não foi atingida, ao menos não para todos.
Então, qual é o segredo? Na verdade é muito simples,
nos países ditos desenvolvidos, principalmente Estados Unidos, o estado
impulsionava e acelerava o desenvolvimento tecnológico por meio de contratos
com grandes empresas, que por sua vez, subcontratavam centenas de micro e
pequenas empresas. Com a era da informação, essas micro e pequenas empresas
iniciaram uma revolução, transformando criatividade, inovação e tecnologia em
negócios altamente lucrativos e com enorme taxa de crescimento. Assim nasceu a
revolução ponto com e o famoso Vale do Silício, ambiente com universidades,
centros de pesquisa, grandes corporação e centenas de micro empresas de alta
tecnologia, ou Startups, funcionando como elementos massivos de conversão de
pesquisa científica em bens tecnológicos de altíssimo valor agregado. Nesse
processo, são geradas patentes, inovações produtivas, renovação de laboratórios
e centros de pesquisa e de ensino, treinamento de mão de obra qualificada,
aumento da competitividade de toda cadeia produtiva local, geração de empregos
diretos e indiretos, resumindo, melhor distribuição de renda para a população.
O Brasil hoje é um berço esplêndido para a criação de
Startups, possui um ambiente com enorme potencial de desenvolvimento
tecnológico. Podemos citar as diversas universidades de excelência, um mercado
relativamente aquecido, parques tecnológicos, órgãos governamentais específicos
para orientação a micro e pequenas empresas. No entanto, será que o Brasil de
fato atingiu totalmente o alvorecer de suas micro e pequenas empresas
tecnológicas? Será que temos subvenções econômicas suficientes para o número de
Startups que precisamos? Será que a injeção de verbas de pesquisa e
desenvolvimento nas grandes empresas brasileiras, são de fato repassadas na
forma de contratos justos às Startups? Será que o estado dá a devida abertura
para aquisição de produtos de Startups? São questões bastante subjetivas,
porém, foi divulgado pela secretaria da micro e pequena empresa que de 2013 a
2014 o montante de empregos gerados pelas micro e pequenas empresas no Brasil
foi de 80% do total gerado no período, assim nos faz pensar, qual o potencial
de crescimento real quando o Brasil souber explorar o potencial deste Vale do Silício
que temos e mais importante, será que existe neste ambiente alguma relação com
o futuro do País do Futuro?